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Museus: Arqueóloga da USP visita Monte Alto

Equipe de filmagem também esteve presente gravando um documentário

 

Monte Alto é uma cidade privilegiada culturalmente por manter três Museus com acervos que relatam as mudanças ocorridas no meio em que vivemos ao longo do tempo.

O Museu Histórico e Cultural “Dr. Fernando José Freire de Andrade” possui um acervo diversificado e importante com um mobiliário que guarda a história de um século de Monte Alto e da região. O Museu de Paleontologia “Prof. Antonio Celso de Arruda Campos” é conhecido por apresentar fósseis da época dos dinossauros. E o Museu de Arqueologia, que história nos conta?

“Nos conta muito sobre os povos do período pré-colonial que pertenciam ao povo Kaingang de língua Jê, que viveram na região de Monte Alto por cerca de mil anos antes da chegada dos portugueses ao Brasil”, comenta a paleontóloga e coordenadora dos Museus, Sandra Tavares.

As escavações em Monte Alto revelaram restos de cerâmica e pedras polidas certificando que eram um povo que já dominava a agricultura rudimentar e também tinham domínio do fogo. A alimentação era baseada, além das plantações, em caça, coleta e pesca. Tinham uma relação especial com a morte e realizavam rituais funerários de duas formas: sepultamento primário, direto na terra; e sepultamento secundário, cujos corpos eram realocados em urnas cerâmicas.

“No ritual funerário, havia distinção por gênero e idade, sendo que os homens jovens levavam bens simbólicos próximos ao peito e crânio, e as mulheres jovens, abaixo da cintura e próximo às pernas”, completa.

VISITA

Na primeira quinzena de novembro, a coordenadora Sandra, Thiago Colatrelli Nunes (diretor de Cultura), Renan Petrasso (diretor de Turismo) e José Francisco Canalli (Presidente do COMTUR), recepcionaram a Profª. Drª. Márcia Angelina Alves, docente de Arqueologia Brasileira no Museu de Arqueologia e Etinologia da USP e o arqueólogo Dr. Wagner Magalhães.

A vinda da Profª. Márcia, arqueóloga responsável pelas pesquisa junto às peças do Museu de Arqueologia desde a década de 1990, teve como objetivo devolver peças do acervo que foram analisadas, durante a pandemia, nos laboratórios da USP, em São Paulo, e também participar uma seção de entrevistas, tanto no Museu como no campo, com o intuito de fornecer dados aos pesquisadores Giuliano Nosralla Gerbasi e Gustavo Padovani que estavam acompanhados por uma pequena equipe de filmagem, formada pela fotógrafa Raissa Nosralla Gerbasi e por Wendel Yokoyama.

A equipe de filmagem esteve em Monte Alto nos meses de outubro e novembro colhendo dados dos Museus e sobre a Menina Izildinha para a produção de um documentário, produto final do projeto de Mestrado de Guiliano Gerbasi, aluno de mídia na Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ.

Sandra acompanhou a Profª. Márcia e a equipe de filmagem no Museu de Arqueologia “Hypólito Barato” e em um dos campos arqueológicos da Água Limpa, e comenta que “foram dias em que uma paleontóloga aprendeu muito com uma arqueóloga” e finaliza explicando que “os paleontólogos estudam dinossauros, enquanto os arqueólogos são pesquisadores que analisam os vestígios deixados ao longo do tempo por civilizações antigas enterrados nos solos dos lugares onde habitaram”.