Lintas Serayu

Havia festa no povoado, provavelmente, de Santo Antônio, pois havia uma irmandade deste  Santo e o padre José Bento da Costa, vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus do Monte Alto, estava na casa de Francisco Vilela.
Segundo os depoimentos prestados diante do subdelegado de polícia, Sr. Urias Alves Ferreira, e diante do escrivão policial, Sr. Alfredo Baptista da Rocha, sendo justificante o Sr. José Cabral de Mello e no rol das testemunhas os moradores do povoado, Sr. Manoel Domiciano de Pontes, Sr. Victor Pereira Marins, Sr. João Dias Pereira, Sr. José Justino Júnior e Sr. João Luiz Gonzaga, afirmando que o padre José Bento da Costa estava no lugar para oficiar uma festa religiosa cujos festeiros eram o Sr. Manoel Domiciano de Pontes e sua deploravelde Oliveira Lima; sendo o dia 2 de julho, ás 6 horas da tarde e estando na igreja o padre com seu sacristão, começou um violento incêndio começando pelo altar da Senhora da Conceição.
O padre foi tirado do interior do templo em estado deplorável. Os vizinhos da Capela tentavam salvar o que pudessem e tocavam o sino para chamar outras pessoas para ajudarem tirar baldes de água do poço (cisterna), que devido a demora e a pouca água pouca coisa puderam salvar. A culpa do que aconteceu recaiu sobre o padre e seu sacristão, sendo acusados de estarem embriagados e colocarem fogo na igreja, isto porque, antes do jantar que foi na casa de Francisco Vilela, foi servida uma boa cachaça para os visitantes. Há também a versão oral de que tal incêndio tenha sido provocado para queimar os documentos de registros de terras que ficavam guardados na igreja, como queima de arquivo; pois haviam pessoas interessadas no patrimônio da Senhora da Conceição do Monte Alto.
O que pode ter ocorrido também foi o mesmo que aconteceu em tantas igrejas por este Brasil afora: lamparinas de azeite que ficavam nos altares acabavam estourando o vidro e incendiavam tudo, por ser o óleo também inflamável ou mesmo velas que os romeiros acendiam para Nossa Senhora sobre o altar de madeira acabavam por incendiá-lo.
A 2 de julho, tudo veio abaixo e transformou-se em carvão e cinza. Porém, três coisas se salvaram: a Venerável Imagem de Nossa Sra. da Conceição (a Virgem Montesina), a imagem de São Sebastião Mártir e a imagem do Divino Espírito Santo sob forma de pomba; todas em madeira de cedro policromado. O manto de Nossa Senhora e faixa da cintura de São Sebastião foram queimadas, não se queimando, porém, as imagens.
Prodígio ou coincidência, o certo é que tais imagens existem até hoje.
O inquérito policial sobre o incêndio foi datado de primeiro de agosto de 1900 e foi registrado na Delegacia de Polícia de Jaboticabal, estando o documento original no atual arquivo da Cúria Diocesana de  Jaboticabal.
Rapidamente se reergueu a Capela com um aspecto todo novo. A renda da festa de setembro desse mesmo ano serviu para esta finalidade. Já neste mesmo ano foram acrescentados à festa de Nossa Sra. da Conceição, o dia 9 de setembro para festejar São Sebastião Mártir e o dia 10 de Setembro para comemorar o Divino Espírito Santo, sendo escolhidos festeiros para cada dia de festa. Esta tradição foi conservada até hoje.