Lintas Serayu

Praça José Pizarro

Construída em 1988 pelo prefeito Dr. José Jesus Victório Rodrigues, a Praça José Pizarro, localizada no bairro Jardim Paraíso, de Monte Alto/SP, possui uma área de 4.040m² e foi desenvolvida em um projeto de linguagem romântica.

O espaço leva o nome do ex-prefeito José Pizarro, que contribuiu significativamente para o progresso da Cidade Sonho, sendo homenageado e emprestando seu nome a outras obras públicas.

A praça foi concebida com três lagoas em que peixes eram cultivados – e cultivaram alegres lembranças à população montealtense, por ser considerado um dos espaços públicos mais bonitos e bem cuidados no passado.

Diante da preocupação em resgatar esse patrimônio, foi firmada parceria com a Sabesp, que adotou, revitalizou e ficará responsável pela manutenção deste espaço, que se torna também mais um atrativo turístico da cidade.

A ideia, proposta por Luiz Felipe Nunes e Renan Petrasso, foi trazer para a praça um cenário educativo da cultura popular brasileira; nada mais propício que fomentar nosso imaginário banhado ao insumo que move a própria Sabesp: A ÁGUA.

A praça também possui Wi-Fi gratuito, através de uma parceria com a empresa montealtense Monte Alto Net.

Praça José Pizarro, a ‘Praça dos Peixes’ e agora também do Folclore das Águas

IMAGINÁRIO

Mergulhando nessa praça, você estará frente a frente com criaturas míticas do universo aquático; alguns dos pilares das lendas do nosso país. Em um Brasil rico em hidrografia, o destaque fica para a Bacia Amazônica, de onde nasceram muitas das lendas aqui retratadas.

Mas não somente lá; a praça também contará a história de um assustador habitante do imaginário que navega por causos e causos entre Sudeste e o Nordeste, no leito do Rio São Francisco, o “Velho Chico”.

Para materializar os protagonistas dessas histórias de arrepiar os cabelos, foi preciso lançar mão de outra arte: da escultura. Aí entra o Cirineu Colontonio Sandin, que deu vida, em pedra, às folclóricas lendas da Iara, Boto Cor-de-Rosa, Pirarucu e Caboclo d’Água.

CONTAÇÃO

Por fim, neste portal você irá encontrar as lendas contadas pelas educadoras da rede de ensino municipal Geovana Pereira Tudes Barbosa de Souza, Larissa Neves Barão Cavallari, Priscila Santos Morais e Verônica Marilia Galvão, além da tradução em Libras pela educadora Daiane Venteu, interpretando de maneira lúdica os mistérios dos personagens que povoam o espaço.

Seja bem-vindo à Praça José Pizarro: na lembrança e afeto de nosso povo, a Praça dos Peixes e, agora, do Imaginário das Águas!

Além da beleza da praça, as pessoas conhecerão mais sobre quatro mitos da cultura popular: Iara, Boto Cor-de-Rosa, Pirarucu e o Caboclo D’água

Iara, a mãe d’água

A primeira lagoa vai encantá-lo com seu canto: trata-se morada da exuberante Iara, a mãe d’água.

Iara ou Yara, do indígena Iuara, significa “aquela que mora nas águas”: uma sereia tupiniquim, cujo corpo é metade mulher e metade peixe, tendo como seu reino as águas amazônicas.

Conta a lenda que a índia Iara era uma corajosa guerreira, considerada a melhor da tribo, sempre elogiada por seu pai, o Pajé. Tomados de inveja, seus irmãos resolvem matá-la enquanto dormia.

Iara, que possuía uma audição muito aguçada, ouviu-os e os matou, fugindo da tribo por medo da reação de seu pai. Ao encontrá-la, o pai decidiu que sua punição seria a morte, lançando seu corpo sobre os rios Negro e Solimões.

Encontrada e salva pelos peixes, Iara é transformada por eles em uma sereia de beleza invejável, de cabelos negros e olhos castanhos.

A lenda relata que ela costuma banhar-se nos rios ao final da tarde, contemplando sua beleza no reflexo da água e cantando uma melodia irresistível, de forma que os homens distraídos são incapazes de resistir à sereia e mergulham nas águas.

Iara atrai estes homens para o fundo do rio, em seu reino encantado, na intenção de matá-los. Os que se salvam, conta a lenda, que enlouquecem pelos encantamentos da sereia; só um pajé é capaz de quebrar o feitiço.

Na Praça José Pizarro, eis uma lenda típica dos povos indígenas da região Norte do país, em especial dos povos amazônicos.

Na lagoa primeira, com certeza, verás a Iara, a mãe d’água, plena em sua beleza! Mas cuidado com seu canto: mais que música, esconde um encanto!

Boto Cor-de-Rosa, o jovem sedutor

Ainda na primeira lagoa, existem os encantamentos do Boto Cor-de-Rosa, em suas figuras humana e mítica.

O nome Boto tem origem no latim buttis, costumeiramente utilizado para referenciar os golfinhos. O Boto Cor-de-Rosa é um mamífero de água doce, que habita os rios da Amazônia e se encontra em extinção.

A lenda diz que o Boto se transforma em um homem bonito e sedutor, preferencialmente nas noites de lua cheia, aproximando-se das festas juninas e dançantes nas comunidades ribeirinhas, em busca de romances.

O homem costuma vestir-se com um terno branco e um grande chapéu: este para esconder as narinas no topo de sua cabeça, pois a transformação em boto nunca é total e o acessório faz parte de seu disfarce.

O belo homem é capaz de encantar e seduzir as mulheres com sua aparência física, boa prosa e por sua habilidade como dançarino, atraindo-as e levando-as para o fundo do rio. Quando elas são devolvidas para a superfície, aparecem grávidas e o homem nunca mais é visto por elas.

A lenda conta ainda que, pela manhã, o Boto Cor-de-Rosa retorna à sua figura animal; seria ele, como dito, o responsável pela gravidez de muitas donzelas nas noites de festanças.

Esta estória tem origem amazônica, sendo muito difundida pelas comunidades ribeirinhas da região Norte do Brasil.

Na primeira lagoa, eis a figura de homem galante, o Boto, há tempos, se esconde. Desperta a paixão num instante, deixa um filho na terra e some para não se sabe onde.

Pirarucu, o guerreiro perverso

A segunda lagoa traz duas representações: uma, como símbolo da própria praça, popularmente conhecida como “Praça dos Peixes”; e outra como palco para o Pirarucu, o grande guerreiro indígena.

O nome Pirarucu tem origem na língua tupi, em que pira significa peixe e urucum significa vermelho; afinal, as escamas de sua cauda possuem tom avermelhado no período de reprodução.

Pirarucu era um índio da tribo dos Uaiás, filho de Pindarô, o chefe da tribo e conhecido por seu bom e generoso coração. O jovem era um bravo guerreiro; porém, sem as mesmas características do pai, pois era perverso e maldoso.

Egoísta e cheio de vaidades, o jovem vivia exibindo sua força e poder, além de criticar e reclamar dos deuses. Aproveitando-se da ausência do pai, em viagem a outras tribos, Pirarucu fez como reféns os próprios índios de sua tribo, matando-os sem motivo algum.

Cansado de tanta maldade, Tupã, o deus dos deuses, resolveu punir o jovem, convocando o deus Pólo para espalhar o mais poderoso relâmpago e a deusa Iururaruaçu para provocar a mais forte das tempestades sobre Pirarucu, enquanto pescava com outros índios às margens do Rio Tocantins. Seus colegas de tribo fugiram, mas Pirarucu ironizou e desprezou os castigos dos deuses e a voz enfurecida de Tupã.

O guerreiro tentou escapar, mas foi atingido no coração por um relâmpago fulminante e, ainda vivo, foi incapaz de reconhecer seus erros e pedir perdão. Sem aproveitar sua última chance, Pirarucu foi transformado em um gigante e escuro peixe, levado por Tupã às profundezas do Rio Tocantins e nunca mais visto.

A lenda do Pirarucu teve origem na tribo das planícies de Lábrea, sudoeste da Amazônia. O peixe Pirarucu existe e pode ser encontrado geralmente na bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Ele pode atingir três metros de comprimento e seu peso pode ir até 200 kg.

Na segunda lagoa, um duplo ecoa: é animal que dá nome à Praça. Esse tipo, essa ‘raça’ é o Pirarucu, matreiro; antes homem de mente sã indígena guerreiro, em peixe transformado por Tupã.

Caboclo d’Água, o homem-anfíbio

Na terceira lagoa da praça vive uma criatura assustadora: o Caboclo d’Água, considerado o terror dos pescadores e o guardião das águas do Rio São Francisco.

O nome “Caboclo d’Água” surge da criação de uma figura com identidade regional que vive nas profundezas do rio, descrito pelos pescadores com aparência monstruosa de homem e animal, com corpo musculoso e pele cor de bronze.

A lenda diz que a criatura homem-anfíbio é careca e tem orelhas pontiagudas, corpo com escamas e, no lugar de mãos e pés, garras afiadas e membranas entre os dedos, iguais a de um sapo.

Seu lar é uma gruta no lugar mais fundo do rio. Muitos acreditam que o local seja repleto de ouro. O monstro vive como um ser aquático e tem como missão aterrorizar os pescadores, com altas gargalhas que causam medo a quem estiver por perto. O homem-anfíbio é poderoso e capaz de estar em vários lugares ao mesmo tempo; ainda, de acordo com a lenda, já foi visto pelos moradores ribeirinhos tomando sol nas pedras do Rio São Francisco.

Os ribeirinhos contam ainda que a criatura é capaz de virar as canoas, cortar as linhas das varas de pescaria, tirar os peixes pescados dos anzóis, roubar as redes de pesca e até mesmo arrastar os pescadores que não lhe agradam para o fundo do rio.

Os pescadores têm muito medo do Caboclo d’Água e se protegem antes de sair para a pesca para não encontrá-lo, desenhando figuras assustadoras de carrancas ou estrelas na proa de seus barcos ou cravando facas no fundo das canoas. Outros ainda levam consigo cachaça ou fumo de corda para agradá-lo, de forma que ele não vire os barcos e ajude os pescadores a terem uma farta pescaria.

A lenda é típica da região Nordeste do Brasil, principalmente nas comunidades ribeirinhas do Rio São Francisco, carinhosamente conhecido como “Velho Chico”.

Na terceira lagoa, surge essa aparição. Aterroriza os pescadores, do Rio São Francisco, é o guardião. Apresentamos, senhoras, senhores: o Caboclo d’Água.

Mais informações

Onde fica? Av. Marechal Deodoro da Fonseca
Dias e horários de visitação: Todos os dias, espaço público
Possui visita monitorada? Não