Lintas Serayu
Nossa Pátria era independente de Portugal fazia 24 anos, pela Proclamação da Independência. Reinava no Império do Brasil sua Majestade Imperial Dom Pedro II, que assumira o trono em 1842, sendo coroado segundo imperador do Brasil. A capital do Império era o Rio de Janeiro. No sertão paulista, do lado de baixo do Rio Grande pouca coisa Havia a não ser algumas tribos indígenas que habitavam os vales e as beiras dos riachos. O noroeste paulista tinha grandes fazendas que deram origem a grandes cidades; estas fazendas eram adquiridas por Cartas de Sesmarias (terreno inculto ou abandonado que os Reis de Portugal concediam a quem os quisesse cultivar) que o governo imperial concedia a pessoas que prestavam alguns serviços ao Rei ou à Corte ou para descendentes de nobres que desejavam formar propriedades. Do lado paulista do Rio Grande estavam as melhores terras despertando interesse para a agricultura de quem as viesse conhecer.
Morava nesta região Flávio Antônio de Oliveira, à beira do Rio da Onça, com sua família, seus escravos e colonos que viviam dos frutos da terra. Estes colonos eram compostos por  homens portugueses casados com índias que eram aqui chamadas de “bugres” e que habitavam o pé da serra da Brôa onde hoje fica o bairro da Água Limpa e também casados com escravas compradas como esposas, pois naquela época somente os homens entravam para desbravar o sertão e acabavam faltando as mulheres. Mas não faltaram também mulheres lusitanas que acabaram se casando com “bugres”. Segundo depoimentos, antigos moradores afirmavam: “Minha avó foi caçada a laço”, para dizer que a avó era uma índia e que não tinha contato com a civilização.
Havia uma colônia perto do Rio da Onça composta por 6 casas de madeira e o casarão da família Oliveira, feita em alvenaria e madeira. Assim era a sede da Fazenda Lagoa.
Por volta do ano de 1846, Flavo Antônio de Oliveira foi acometido de uma doença que lhe ameaçava a vida. Pela localização de sua casa podemos deduzir que se tratava de febre amarela ou febre tifóide que tantas vítimas fizeram nesta região naqueles tempos.
Estando  sua vida ameaçada pela enfermidade e sem os recursos da medicina neste sertão paulista, recorreu à proteção de Nossa Sra. da Conceição representada na bela imagem que possuía em seu oratório particular. Fez-lhe uma promessa de construir uma capela para que fosse cultuada por todos e de doar metade de sua fazenda para formar um patrimônio em torno da mesma.
Foi prodigiosamente curado.
Vendo-se atendido em suas súplicas, graças à intercessão de Nossa Sra. da Conceição, tratou logo de cumprir a promessa feita como afirmavam os testemunhas deste fato histórico: Dona Antônia Maria de Souza e seu filho Prudente José de Siqueira proprietários da fazenda Pampoam desde 1855, sendo descendentes do bandeirante paulista Bartholomeu de Siqueira.
Daquele momento em diante Flávio Antônio de Oliveira além de grande devoto de Nossa Sra. da Conceição, tornou-se grande propagador desta devoção.