Lintas Serayu

Tendo ocorrido o prodígio da cura em 1846, Flávio Antônio de Oliveira construiu a primeira capela votiva e fez a doação de metade de suas terras em documento manuscrito ( mais ou menos 90 alqueires ).
A primeira cerimônia religiosa deu-se no dia da festa Imaculada Conceição de Maria, a 8 de dezembro de 1848. Neste dia foi entronizada nesta capela votiva a branca Imagem da Senhora da Conceição e foi dada a bênção do largo de onde surgiria um povoado em sua honra e foi levantado o primeiro Cruzeiro no adro. Reza o livro das “Crônicas do Povoado e Capella de Nossa Senhoura da Conceição” – Capelinha do Patrimônio 1845 a 1891.
“ Era o dia oito do mez de dezembro do anno de Nosso Senhor de 1848 na Fazenda denominada de Lagoa tinha muitas pessoas reunidas no largo onde se ia benzer a nova Capella em honra de Nossa Senhoura de Conceição.
O Revmo. Padre Capelão tinha vindo da cidade de Jabuticabal para dizer missa de desobriga.
Na frente da nova Capella foram erguidos bonitos arcos de bambu amarelo com bandeirolas coloridas porque era dia de festa e várias famílias de  muitas gentes já esperavam começar. No largo e na baixada tinha já doze carros de boi e carroçãos das famílias dos cítios da redondeza que eram os filhos de José Joaquim Cavalheiro os Antunes, a família do Capitão Cândido Pereira , a família dos Gonçalves de Souza, os parentes dos Castilhos, os Souza, os Queiróz, a parentagem dos Oliveira e algumas gentes caboclas da serra e uns mulatos que mascatiavam pôr aly.
O Revmo. Padre confessou alguns fieis ás 09 horas mais ou menos começou a dizer a Sancta Missa. O altar da dita Capella foi enfeitada pôr Dona Alicinha a parteira, com maços de alecrim e jasmim para perfumar a Sancta, com vellas de cera de pau e lamparinas de azeite de todas as cores, as toalhas de linho foram bordadas pelas irmãs Rita e Maria Baptista.
A Sancta foi trazida antes da reza da casa do seu Flávio Antônio de Oliveira e colocada em cima do altar de pau pois estavam cumprindo promessa feita à dita sancta, que se não fosse Ella o tal Flávio teria morrido a muito tempo. Dona Alicinha poes na tal Sancta um lindo lenço de seda que era véo do seu casamento.
Quando o Padre terminou de dizer a Sancta Missa foi benzida o cruzeiro de madeira que foi erguido na frente da Capella e depois benzeu o largo. O Padre palestrou falando que o seu Flávio deu para a Sancta umas datas de terra de sua propriedade desde o alto do espigão até às beiras do Ribeirão da Onça para formar patrimônio e nascer um povoado neste arraial da Lagoa.
Os homens que estavam na festa deram vários tiros para o alto de espingarda e garrucha para comemorar o acontecido enquanto gritavam vivas para a Sancta Milagrosa.
Todas as gentes que aly estavam comeram  das comidas e os assados com quitutes debaixo dos arvoredos da casa do Antônio Souza e foram feitas várias fornadas de pão e biscoitos de polvilho.
Pela tardinha teve a reza do terço cantado e as ladainhas enquanto ainda tinha sol e depois os que aly estavam voltaram para seus cítios e moradas”.
Esta primeira capela votiva era feita de taipa de pilão, de pau a pique e coberta de sapé e ficou desta forma até 1865.