Lintas Serayu

Com ’lockdown para positivados’ Monte Alto tenta refrear gravidade da pandemia

Monitoramento reforçado a casos positivos, multa por não-isolamento e rede de informações são as ‘armas’ dessa ofensiva

Com nova alta nos índices de contaminação, casos graves e óbitos de covid-19 na cidade, superando a alta ocorrida entre final de março e começo de abril, mais uma vez a Saúde fica à beira do colapso, fenômeno não somente de Monte Alto, mas de um dos novos epicentros da pandemia no estado: o interior paulista, sobretudo a região de Ribeirão Preto.

A ideia do fechamento geral – o lockdown – ganha força nessa semana, com experiências em cidades próximas, cujo sucesso ocorreu, mas temporário.

A própria Monte Alto experimentou queda nesses indicadores, no começo de abril, fruto de um fechamento de cinco dias (17 a 21 de março) além de outras medidas mais restritivas – a Prefeitura aplicou restrições antes mesmo da maioria das ações do Estado, nesse ano.

No entanto, a fragilidade da microeconomia, após um ano e três meses de pandemia, coloca negócios e empregos em franca ameaça frente a um lockdown.

Enquanto se pensava novas ações, estudava-se formas de monitoramento inteligente, ou isolamento inteligente, para desenhar o plano que, nessa semana, teve início.

Lockdown Inverso

A Secretaria de Saúde chamou ação coordenada com outros setores da Prefeitura no sentido de apertar o cerco (mas, também, o acolhimento) a quem está em período transmissível da covid.

O mote é ‘lockdown a quem está em casa’, com ações de orientação e fiscalização a positivados, à frente de suas casas.

Vale lembrar que pessoa com covid, fora de casa, pode ser multada em dois salários mínimos (Decreto 4.116/2021).

Esse monitoramento inteligente, coordenado pela secretária de Saúde, Yayeko Toyoshima e pela diretora da pasta, Valéria De Grandi, também faz busca ativa das pessoas próximas aos infectados, com potencial de contaminação e disseminação do vírus.

Como será?

A princípio são 6 equipes (em 6 carros), com Agentes de Saúde que irão às casas de pessoas pré-selecionadas, de acordo com os Termos de Isolamento. Lá, vão verificar questões como: se o positivado está em casa (se não estiver, passível de multa a ser enviada, depois, pela Vigilância); condições de saúde do positivado e familiares; se ele necessita de algo como medicamento, alimentos, máscaras e álcool em gel.

Notificações

Documentos são entregues como registros davisita: Notificação de Isolamento (com o reconhecimento das implicações do “sair de casa”) e Notificação do Positivado, com uma classificação do estado de saúde do positivado.

Ainda podem ser feitos testes, caso necessários, a familiares ou próximos ao positivado.

Hoje, Monte Alto tem em torno de 700 pessoas com covid em tratamento. Como há membros da mesma família infectados, a ideia é trabalhar com o número de 450 a 500 lares no total.

Se, a cada semana, cada equipe perfizer 75 visitas (10 a 15 visitas/dia) é possível percorrer todo o público-alvo semanalmente. Sendo assim, a previsão é de que toda semana os positivados poderão ser monitorados em casa.

Esse mesmo público deve ser acompanhado via teleatendimento, onde a Secretaria de Saúde mapeia os casos com contato telefônico a quem foi visitado.

Denúncias

Muitas denúncias ajudam, desde aglomerações a alguns dos positivados fora de casa.

Pensando nisso, está sendo criado o Disk-Isolamento, em parceria com a Ouvidoria; será um número de telefone novo para denúncias de pessoas com covid nas ruas e comércio, para aglomerações e, também, para dúvidas sobre o programa Lockdown Inverso – Isolamento Inteligente.

Ainda pode trazer informações sobre protocolos sanitários covid e mesmo períodos de vacinação.

Comunicação

Com o monitoramento aprofundado, os positivados serão analisados por bairro e local de estudo/trabalho.

“A meta é isolarmos quem está positivado. As denúncias são muitas e, com esse grupo em casa, acreditamos que podemos refrear esse avanço gravíssimo do vírus”, comenta a prefeita Maria Helena Rettondini.

Apoio

Além das pesquisas, como casos do monitoramento realizado em cidades como Chapecó/SC, e análises técnicas de institutos como o Butantan, a Secretaria de Saúde ouviu ideias e propostas de vários vereadores, médicos e profissionais do setor. O uso do nome “Isolamento Inverso” foi adotado de uma das propostas, do vereador Thiago Durigan.

“Foi uma ação que nasce da Secretaria de Saúde e é construída a muitas mãos. Não é uma novidade, mas mais um esforço: porém, nessa pandemia quase tudo é incerto. Nada, além da vacina, conseguiu, de forma importante, nos levar mais perto da normalidade. Mas nunca desistiremos”, conclui a prefeita.